Na ácida crítica social em “Rompendo grilhões”, um grande questionamento é feito: “Onde estão os novos Castro Alves / Mahatmas Gandhi e Luther / Kings?” Por isso, existe a decepção pela ausência da virtude, da moral e da palavra de honra nessa sociedade pós-moderna em que se vive. Metalinguístico e forte, "Terra fértil" é poema pujante a mostrar o domínio verbal da ferramenta de trabalho do escritor: o verbo. Merece, aqui, a cópia do poema marcado pelas metáforas arrojadas: “palavra / é lavra / é terra fértil / para as sementes / da existência // palavra / é tira-teima / é fogo / que fere e queima / ou brasa / que nos aquece”. Em "Esperança fantasiosa", bela prosopopeia aparece nos versos: "não me fujam / os versos / alimentos da vida / se viver não basta"... O saudosismo aparece em "Tempos e bondes", quando há a valorização das brincadeiras que exigiam o trabalho físico com o corpo, como "bolinha de gude", "pique", "corre-corre", "chicotinho queimado", entre outros, em oposição às atividades tecnológicas vigentes hoje. Ao final, aparece uma declaração forte: "no meu tempo / não sobrava tempo". Luiz Otávio Oliani É professor e escritor.